Thursday, February 28, 2008

Clássicos do Cinema
Wings
William A. Wellman, 1927

Não é propriamente um exemplo de cinema queer, mas o facto de ter mostrado o primeiro beijo entre dois homens na história da sétima arte faz deste Wings uma recorrente referência na história desta cinematografia. Realizado por William A. Wellman, Wings foi estreado em 1927, tendo sido depois premiado com o primeiro Oscar para Melhor Filme (na altura chamou-se à categoria Melhor Produção), representando o único filme mudo a receber semelhante distinção. Com orçamento de perto de dois milhões de dólares, tendo também da Academia merecido um segundo Óscar, para Efeitos Técnicos, Wings é uma das mais interessantes experiências de cinema de acção nos últimos dias do mudo.
Na essência esta é a história de uma grande amizade que nasce entre dois antigos rivais. Oriundos da mesma cidade de província nos EUA, onde disputavam então o amor de uma mesma rapariga, Jack Powell (Charles “Buddy” Rogers) e David Armstrong (Richard Arlen) acabam inesperadamente juntos no recrutamento militar. A I Guerra Mundial trá-los à Europa, onde combatem como pilotos de aviação. Cenas de batalhas aéreas dominam parte do filme (com cerca de 141 minutos de duração), a história de amizade entre os dois combatentes conhecendo assim o conflito como cenário para o clímax, numa cena dramática, na qual o já referido beijo acontece. Wings é também um caso ousado na exposição de (breve) nudez, revelando o peito de Clara Bow (uma das protagonistas) numa cena de hotel, em Paris.
Em 1997 a Biblioteca do Congresso norte-americana designou Wings como peça a preservar pelo seu significado cultural, histórico e estético. Há dois anos, o filho do realizador, William Wellman Jr publicou o livro The Man and His Wings: William A. Wellman and the Making Of the First Best Picture. Falta, contudo, uma edição em DVD que permita o reencontro com o filme, para muitos memória quase esquecida. Há edições em territórios na Ásia, assim como houve já um lançamento nos EUA. No presente, Wings está descatalogado.

Monday, February 25, 2008

'Les Chansons d'Amour'
vence Cesar para Melhor Música

O filme Les Chansons d'Amour, de Christophe Honoré, venceu um Cesar (os prémios do cinema francês) na categoria de Melhor Música. O filme, um musical, conta com canções assinadas pelo cantautor francês Alex Beaupain. Les Chansons d'Amour estava ainda nomeado nas caterorigas de Melhor Som e Melhor Esperança Masculina (aqui referindo-se ao actor Gregoire Leprince-Ringuet).

Friday, February 22, 2008

'Bebe Requin' sai em DVD

Acaba de ser editado na Alemanha um DVD com cinco curtas metragens, entre as quais Bebe Requin, de Pascal-Alex Vincent, que integrou o programa de curtas do Queer Lisboa 11, onde foi exibido em conjunto com o filme (de longa metragem) Wild Tigers I Have Known, de Cam Archer. Este DVD inclui, além deste filme francês, as curtas Bugcrush, de Carter Smith (EUA), Attcak (Reino Unido), de Timothy Smith, Querfeldein, de Hanno Olderissen (Alemanha) e Work It Out, de Kim Vaitiekus (Austrália). A edição, pela Salzberger, está já disponível nas lojas online.

Wednesday, February 20, 2008

Cinema português em Turim

Os quatro filmes de Oscar Alves, exibidos no ano passado no Queer Lisboa 11, integram uma secção retrospectiva da edição este ano do Torino LGBT Film Festival, que decorre em Turim (Itália), de 17 a 25 de Abril. Esta secção integrará, além dos filmes de Oscar Alves outras obras de realizadores portugueses como João Pedro Rodrigues, Paulo Rocha ou Joaquim Pinto. Esta mostra de cinema português resulta de uma colaboração do festival de Turim com o Queer Lisboa.

Tuesday, February 19, 2008

Sonhos na cidade

Primeira longa-metragem do realizador irlandês David Gleeson, Vaqueiros e Anjos (no original Cowboys and Angels, esterado em 2003) foi presença regular no circuito de festivais de cinema queer entre 2004 e 2005. O filme centra a acção em Limerick, a cidade natal do realizador e nas vidas de dois rapazes, nos seus vinte e poucos, antigos colegas de escola (mas praticamente desconhecidos entre si) que, vindos da província, e para poder pagar a renda, acabam inesperadamente a partilhar um apartamento. Shane (Michael Legge) abdicou de um sonho em Belas Artes e é apático funcionário do Ministério da Agricultura. Vincent (Allen Leech), o seu entusiamado companheiro de apartamento, está a acabar o curso de design de moda e sonha com futura vida profissional em Nova Iorque. Shane tenta chamar a atenção das raparigas, sem sucesso. Vincent, a quem Shane rapidamente pergunta se é gay (ao que este responde afirmamente), decide mudar a imagem do amigo, começando pelo cabelo, logo depois a roupa. Uma história paralela, que envolve um traficante de drogas que mora no mesmo prédio, dá tempero agitado a uma história que, sobretudo, explora o poder da amizade. A realização é linear (e de claro apelo mainstream), o argumento flui sem sobressaltos, com pontuais instantes de tensão, outros de humor. Distante do melhor cinema queer actual, é certo, Vaqueiros e Anjos oferece uma tranquila proposta de narrativa ligeira.

A edição em DVD de Vaqueiros e Anjos é assegurada pela Pride Films, que recentemente começou a operar em Portugal e conta já com uma série de lançamentos no nosso mercado. O menu de extras é limitado apenas à apresentação de trailers de outros lançamentos desta mesma editora. Som apenas em formato 2:1.

Sunday, February 17, 2008

Teddy Awards 2008 - E os vencedores são...

O filme The Amazing Truth Of Queen Raquela, de Olaf de Fleur, venceu o Teddy Award para Melhor Longa Metragem de Ficção na 22ª edição da entrega dos prémios de cinema gay e lésbico, que integrou a 58ª Berlinale. O juri premiou também os filmes Be Like Others, de Tanaz Esaghian (Prémio do Juri), Tá, do jovem realizador brasileiro Felipe Sholl (Curta Metragem) e Football Underground, de David Assmann e Ayat Najafi (Documentário). Este último filme recebeu também o prémio do público.

Wednesday, February 6, 2008

Concurso de Curtas Metragens
para escolas de cinema portuguesas

Com o objectivo de incentivar a criação audiovisual portuguesa na área do cinema queer dentro das escolas de cinema nacionais e de divulgar obras de jovens realizadores, o Queer Lisboa 12 – 12º Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa, desafia-te a realizar uma curta-metragem e apresentá-la aos programadores do Festival!

Condições de Admissão:

  • O concurso destina-se exclusivamente a estudantes de Escolas de Cinema e Cursos Superiores de Cinema nacionais, de qualquer grau de ensino
  • A obra a apresentar deve focar o tema das vivências, realidades e imaginários gay, lésbicos, bissexuais, transsexuais e / ou transgénero
  • Os alunos deverão ter mais de 18 anos de idade até à data de 18 de Setembro de 2008A pré-inscrição da obra a concurso deve ser feita até ao dia 30 de Maio de 2008~
  • Os trabalhos apresentados não deverão exceder os 20 minutos de duração
  • São aceites trabalhos de ficção, documentais, de animação ou experimentais
  • O formato a enviar é o de DVD
  • A obra final deve ser enviada até 30 de Junho de 2008 (data do carimbo dos correios)
  • A pré-inscrição ou inscrição deve ser feita obrigatoriamente com o preenchimento da Ficha de Submissão do Queer Lisboa 12, que brevemente estará disponível para descarregar no sítio do Queer Lisboa, respeitando-se todos os requisitos nela expressos
  • Caso a obra em questão contenha banda sonora não original, imagens cedidas, ou outras formas que impliquem direitos de autor, a cedência desses mesmos direitos deve acompanhar a inscrição

Como contrapartida, o Queer Lisboa garante:

  • A exibição das curtas-metragens seleccionadas pelos nossos programadores (num máximo de 10) na programação do Queer Lisboa 12, no Cinema São Jorge
  • O Festival compromete-se à divulgação destas obras seleccionadas no circuito dos Festivais Internacionais de temática queer, através da realização de uma compilação dos mesmos e sua distribuição nestes circuitos
  • Cada vencedor tem direito a 3 acreditações para a sua equipa, que lhe dá acesso gratuito a todas as sessões do Festival, bem como a 3 convites duplos para as cerimónias abertura e encerramento do Festival
  • Os trabalhos devem ser enviados para o endereço em rodapé

Para mais informações pode contactar-nos para o e-mail oficial do festival, disponível na barra lateral do blogue.

Monday, February 4, 2008

Filme de Lisa Gornick em DVD

A editora britânica Wolfe Video vai editar, a 8 de Abril, o DVD do filme Tick Tock Lullaby, da realizadora Lisa Gornick, que integrou a secção competitiva do Queer Lisboa 11. A própria realizadora é um dos elementos do elenco do filme no qual participam ainda Sarah Patterson, Raquel Cassidy e Jake Caruso. Depois de Do I Love You? (de 2002), este será o segundo filme de Lisa Gornick a chegar ao DVD. Com este lançamento, juntamente com as iminentes edições internacionais de Glue e The Bubble, apenas cinco filmes da secção competitiva do Queer Lisboa 11 ficam, por enquanto, sem edição em DVD. São eles A Casa de Alice, Itty Bitty Titty Comitee, Comme des Voleurs, The Picture of Dorian Gray e o vencedor Solange Du Hier Bist. Alguns destes títulos, contudo, deverão anunciar brevemente o respectivo lançamento em DVD.

Saturday, February 2, 2008

Clássicos do Cinema Queer
Michael
Carl Theodor Dreyer, 1924

Juntamente com Anders als die Andern (frequentemente referido pelo título em inglês Different From The Others), de Richard Oswald (1919), Michael, filme mudo de 1924 do realizador dinamarquês Carl Theodor Dreyer representa uma das primeiras longas metragens de ficção cuja acção assenta sobre uma história de amor gay. De comum, curiosamente, o facto de ambos os filmes serem produções alemãs.

Sem o sentido plástico do assombroso A Paixão de Joana D’Arc (1928), aproximando-se mais dos códigos do teatro e, de certa maneira, podendo ser visto como um antepassado de uma linguagem que ganharia expressão maior no seu último filme, Getrud (1964), Michael é baseado no romance homónimo de Herman Bang (originalmente publicado em 1902) e, mais que uma anterior adaptação ao cinema desse livro (oito anos antes, por Mauritz Stiller), segue respeitosamente a narrativa e perfis psicológicos dos seus protagonistas. No centro da acção está o relacionamento (nunca explícito, todavia claramente sugerido) entre um “mestre” pintor, de nome Claude Zoret (interpretado por Benjamin Christensen), e um jovem aprendiz, Michael (Walter Slezak) que se tornou seu modelo, deu fama aos seus quadros e por quem se apaixonou. A imponente e palaciana casa do “mestre” é cenário para a maioria das sequências de um filme que, apesar dos elegantes cenários, centra a atenção nas figuras e, mais que as suas expressões (como era habitual nos dias do mudo), nos seus diálogos, naturalmente registados em intertítulos, cuja leitura é fulcral para o acompanhamento da evolução da narrativa. A entrada em cena de uma condessa (falida), que começa por pedir um retrato ao “mestre”, sonhando na verdade com a sua conta bancária, monopoliza rapidamente as atenções de Michael. Este cai de amores pela enigmática mulher e, progressivamente, afasta-se das rotinas da casa que antes o acolhera. Através de Michael, a condessa vive luxos, os empréstimos bancários sendo contudo pagos, discretamente, pelo pintor... Quando este descobre que o protegido modelo vendeu um quadro que lhe oferecera, assim como desenhos de umas idílicas férias onde se amaram, adoece. No leito de morte, Michael é chamado a ver o “mestre”, mas a condessa impede que este receba a carta que o convocava... “Agora posso morrer em paz, porque vi amor de verdade”, são as suas últimas palavras...

De ritmo lento, mas não contemplativo, poético, Michael é uma peça fundamental na história das primeiras manifestações de homossexualidade no cinema, revelando, apesar do recurso à sugestão, situações que o cinema poucas vezes voltaria a mostrar da mesma forma antes dos anos 60.Há uma edição em DVD pela Eureka, que apresenta duas transcrições diferentes do filme, com duas bandas sonoras alternativas como opção.

Michael
Realização:
Carh Theodor Dreyer
Elenco: Benjamin Christensen, Walter Slezak, Max Auzinger, Nora Gregor
País: Alemanha
Ano: 1924